domingo, 8 de dezembro de 2013

E a tábua rasa está quase a opinião dos outros que não pesa e o
grito preso acaba por sair finalmente ao fim de tanto tempo e com
a liberdade as coisas acontecem do interior e o sentido exala as
ruas que acolhem e a cidade que passa a casa com esperança e força e
vontade a vida é outra e ganha sentido sem medos nem pesadelos

If you don't go, you don't know

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

A ironia da loja do metro

Chama-se mundo do ó, mundo de alguma coisa, de alguém, é o sonho de alguém. Está envolta e preenchida por tecidos de flanela, por anúncios em papel com preços de promoção. É todo o mundo fechado num corredor do metro. E, naquele mundo inteiro, está esparrapachada a mensagem mais a céu aberto, a frase mais inspiradora e com mais sonho e desejo. Ali, fechada atrás de um vidro coberto de outros enfeites, sem sol sem vida, com cheiro a pessoas e metro e um empréstimo do pão do lado. Sem vida. Mas tão cheia dela naquela frase.

the whole world is never too far...

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

É o fim de uma era

O Passadiço fez-me feliz. Foi o meu desafio no ano passado, foi o meu passo para o mundo dos crescidos, foi uma liberdade e uma concretização do que me chamava cá dentro. Rapidamente o chamei de casa, rapidamente me aninhei no meu quarto. Tive (e tenho) muito frio e desesperei de calor. Tive dias e noites sozinha e outros e outras com companhia. Cozinhei e deixei que cozinhassem para mim. Bebi água vinho e Ice Tea emprestado. Desesperei com as limpezas, mas depressa aprendi a não me preocupar. Mantive o meu canto arrumado, como só sei fazer.

O Passadiço inaugurou-se no Mexefest do ano passado. Frio, sem Internet e a perceber que vida nos ia oferecer. O Passadiço acaba no Mexefest deste ano, porque ciclos são ciclos. Já com a vida oferecida, com o sentimento de realização.

Hoje não estou nostálgica, como pensei estar. Talvez seja do frio, talvez não. Penso que é porque aceitei e anseio pela próxima fase. Porque o que me espera é maior ainda do que o Passadiço. Porque já fui aqui tudo o que poderia ser e não há mais sumo para retirar. 

Saio realizada, feliz. Muito feliz. Estou orgulhosa de mim e tão ansiosa, no bom sentido, pelo que aí vem. São certas decisões que toldam uma vida. A vinda para aqui foi uma delas. A saída também.

Até à próxima fase.
O Rio e 2014 esperam por mim. E eu tanto por eles!

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Blackbird fly




All your life
You were only waiting for this moment to be free
Blackbird fly, blackbird fly

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Onde estás?

Estas saudades são diferentes das outras. Começam assim que o táxi faz a curva e eu deixo de me portar bem e assumo a dor do coração. Estas saudades são um desespero, controlado. São cá dentro em jeito de furacão. Por vezes resvala e a testa chega a franzir-se e os olhos querem deixar-se esvaziar. Mas resiste, porque não pode ser. E só a alma é que dói, evitando pensar no tempo que não passa. Onde estás?

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

a Caridade ficou reduzida a metade e ganhou um novo cheiro
o Sr. Gato deixou de aparecer para lhe dizer bom dia
eles foram embora
há quem o queira
e eu não sei qual é o plano

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

hoje o tempo parou.

Todos falam de emigrar e de como somos empurrados, sem escolha. Eu escolho não me pronunciar muito, porque eu quero ir desbravar o mundo. Não sentir-me emigrante, mas aventureira, a querer conhecer-me noutras cidades de outras línguas, de novas regras, de novos desafios.

Hoje descobri o que os pais sentem quando os filhos vão embora. Hoje descobri o que é gostar tanto de alguém que só se quer que esteja perto, debaixo do nosso olhar, e ter de deixá-lo ir. Ter de lhe dar o espaço de voo, de estar aqui sempre, mas de não o poder prender. De o querer ver livre de si, de o querer ver ultrapassar-se, do o que querer tão feliz. Mesmo que comigo aqui, a vê-lo só ao longe, quando o que eu queria era tê-lo debaixo do meu braço, o que eu queria era perder-me naquele abraço...

Hoje soube o que é ter o coração nas mãos. O coração em todo o lado, preso na garganta, a bater com força no peito, sempre tão presente. Hoje não esqueço nem um segundo, hoje quero saber tudo, quero estar no longe que ele está. Mesmo sabendo que está perto.

Hoje descobri o que é ser forte e deixá-lo ir, mesmo que o coração me doa, e incentivar com muita força. Hoje tenho a certeza do que é zelar pela felicidade alheia mais do que pela minha. Hoje posso chorar, mas sei que é por um bem maior e que vai correr tudo bem.

Porque temos o futuro todo à nossa frente.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Efeito Tchaikovsky

Os headphones saem da caixa amarela onde têm estado encerrados no último ano, o Youtube empresta um bocadinho da sua ciência, relembra-se a existência daquelas páginas todas que se enchiam de entranhas ao som dos CDs que tanto tempo habitaram naquele móvel com pó. Hoje joguei com o que tinha, com virtualidades. E o efeito foi quase o mesmo, mais intenso, mais invernoso, mas o mesmo. E os gatafunhos nasceram com batidas aceleradas. E muito, e muitos! E o efeito comprovou-se.

segunda-feira, 4 de março de 2013

M&S


But it was not your fault, but mine
And it was your heart on the line
I really fucked it up this time
Didn't I, my dear? Didn't I, my dear?

sábado, 23 de fevereiro de 2013


Quando o sol espreita, as roupas saem às ruas
Soltas no estendal
Com molas coloridas

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Queria poder filmar-te com os olhos que te vejo,
para que te pudesse recordar como te vi,



segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Escrevo e quero tropeçar nas sinapses, no ruído de fundo, ter os pés quentes do mimo, do café com leite na cama e do chocolate quente derretido que deixou o fumo no ar. Sei que a corda não morde, que a sofreguidão é saudável e dá força e vontade de correr e acima de tudo esperança num passado distante.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Querido Passadiço,


Esta semana que passou apaixonei-me ainda mais por ti. Foste ponte e união, foste memória das que enche a alma e nos teletransporta para uma essência que não se sente assim há muito porque é de outras terras e de outras vidas. Criaste reencontros, arrumaste almas e recordaste olhos nos olhos, paz, conversas que saltavam de assunto em tema sem voltar atrás e sem contar nada, porque se queria contar tudo. Em que se assimilou coisas, se perceberam razões, estivemos na mesma mas numa diferente, não éramos dois, éramos 3 ou 4 e no fundo não ganhou ninguém.

Meu Passadiço, trouxeste-me o prazer da casa cheia, da cozinha suja, da panela que não chega nem as cadeiras, mas a casa que cresce à medida do coração. És a minha casa de bonecas, onde as marionetas são de trapos, dos novos. Da energia positiva, do fim do medo, da paz, do sossego e do cansaço. Esta semana, querido Passadiço, deste mais sentido à vida por existires e teres tornado possível tantas outras existências, outras consciências de desrespeitos mas de não querer saber, porque dás mais vida à minha vida, aqui à porta da rua onde tudo acontece. Por ti, saí, fui e voltei. Apoiei, liguei e fomos companhia, quem diria. Obrigada por me fazeres unir mundos, por criares elos, por chamar a casa cada vez mais cada pedra da calçada preta que me leva até ti.

Querido Passadiço, és a razão por que estive tão feliz.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

2012-2013

Ainda vou a tempo?

2012 foi um ano dorido, um ano revoltoso, perdido, com pouco rumo e ilhas para descansar da trovoada.  Mas foi, por isso, um ano de descobertas, de conquistas e de mudanças. Das boas!

As viagens abriram-no em cheio. Quando o coração e o orgulho estavam feridos, Paris, Londres e Genève foram casa, foram rua, foram amigos de verdade. Perdi finalmente a embirrância que tinha com França, abracei a cidade, a língua (mais ou menos, muito menos. 6 anos não serviram para muito), os franceses, o turismo puro, o alternativo e as amigas do fundo da alma. Armei-me em chique e fomos passar o fim-de-semana a Londres, só porque sim. Em Genève deixei o cérebro gelar, vi amor e dedicação e sonhos conjuntos também.

Este ano no Plateau queimaram-me um olho, no Cais morri de tédio, em Alfama visitei uma casa pequena demais. Este ano vi a exposição do Vik Moniz e uma da Frida e um documentário sobre o Fernando Pessoa. Fui tão bem acolhida na Dureza de forma diferente, comi muito sushi e fui pouco ao cinema.

Tive um emprego novo. Difícil, depois do outro que me enchia as medidas. Difícil muitos dias, tantos. Devagarinho, quando os dias foram passando lentos e revoltosos, tornou-se mais fácil, mais interessante, mais apelativo. Mais responsável e importante. Foi reconhecido. Foi turbulento. Mas tem sido bom!

Tive muitas despedidas. Muitos amigos emigrantes que foram e voltaram e voltaram a partir. O pretexto é bom para jantares, lanches e pequenos-almoços. Mas já cansa...

Este ano fui ao Chapitô, fui à Feira da Ladra e fui pela primeira vez ao Carnaval de Torres, em que noites de excesso me pruriram a alma e voltei como nova. Fui ao Tuareg e ao primeiro churrasco do Técnico que se repetiu vezes sem conta com tanto carinho.

Fiz também parte das massas e uma noite, em vez de ir tomar café, levei as minhas amigas para o Media Markt para aproveitar descontos e ficámos mais de uma hora juntas na fila e rimo-nos muito e refilámos muito e ia quase havendo cena de pancadaria... Dancei muito este ano e fui-me embora sem pagar de um jantar de grupo (esqueci-me!).

Fingi que era pessoa de ginásio e paguei 10 meses em que usufruí pouco mais de 10 vezes. Gastei 40 euros num jantar. Fui ao Lx Market muitas vezes e tive a sorte de ter cá muitos dos verdadeiros amigos de Erasmus que têm visitas prometidas já para 2013.

Este ano fiz workshops. De prova de vinho e de poesia. Dediquei uns meses a um projecto apaixonante com as amigas que tem tudo para ir em frente um dia. E vi o projecto dos amigos mais sólido que nunca, com direito a um Fest que mudou parte do meu ano. Li mais do que nunca, graças ao metro e ao carro que passei a deixar em casa.

Descobri festas de aniversário abertas em Alfama, fui finalmente ao Indie e fui a todos os espaços do Outjazz. Tive um amor com tempo contado em que contei mais tempo do que previa e mais amor também. Fiz corridas de sofás, descobri recantos diferentes de Lisboa e gozei em pleno os Santos Populares.

Fui a Itália, à minha Bologna cada vez mais despida mas ainda assim com cheiro a casa, e à Pisa deles que me acolheu com uma Luminara deliciosa. Fiz asneiras e tive recaídas. Tive um fim-de-semana maravilhoso aquando do Summer Fest que soava apenas em música de fundo que soube a Amizade da verdade.

Fui a muitos concertos. Feist fez-me tremer por dentro, de tão intenso quer dela quer da companhia impensável com que estava. Bon Iver superou-se. O Alive teve um primeiro dia de loucura sem fim e de outros dois de confusão. E Ornatos fechou o ciclo e a porta. Fui à Casa de Pasto e ao Hotel Mundial e à Manifestação. E ao Mexefest que já é tradição.

2012 deu-me a viagem da minha vida até agora. Deu-me a Tailândia, o NapPark, os ingleses, Chiang Mai, Bangkok 3 vezes, a selva, o Sammy, Ko Tao, o balão dos desejos, pura felicidade na procura de mais e de mim e dos outros. O verdadeiro viver.

Em 2012 torci o pé e fiz um rally tascas. Fui mais vezes ao teatro. No final de 2012 desbloqueei o que era preciso. Lisboa pareceu só minha numa noite maximizada, arrumei homónimos e ponderei-se hipóteses caídas por terra. Saí de casa e vim viver para o centro da cidade num prédio de 200 anos sem elevador. Escrevi muito menos do que queria ter escrito.

2013 começou feliz. Começou com bons amigos, com carinho e paz no coração. Em 2013 falta uma coisa e meia. À meia-noite pedi desejos altruístas. E comecei o ano a alimentar os sem-abrigo. Não gosto de números ímpares, mas tenho confiança em 2013.

Quero continuar a ter visitas e a dar jantares, quero tirar mais fotografias, continuar a gozar a família maior. Quero escrever mais e ter mais paciência. Quero o óbvio, também.