quinta-feira, 17 de outubro de 2013

a Caridade ficou reduzida a metade e ganhou um novo cheiro
o Sr. Gato deixou de aparecer para lhe dizer bom dia
eles foram embora
há quem o queira
e eu não sei qual é o plano

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

hoje o tempo parou.

Todos falam de emigrar e de como somos empurrados, sem escolha. Eu escolho não me pronunciar muito, porque eu quero ir desbravar o mundo. Não sentir-me emigrante, mas aventureira, a querer conhecer-me noutras cidades de outras línguas, de novas regras, de novos desafios.

Hoje descobri o que os pais sentem quando os filhos vão embora. Hoje descobri o que é gostar tanto de alguém que só se quer que esteja perto, debaixo do nosso olhar, e ter de deixá-lo ir. Ter de lhe dar o espaço de voo, de estar aqui sempre, mas de não o poder prender. De o querer ver livre de si, de o querer ver ultrapassar-se, do o que querer tão feliz. Mesmo que comigo aqui, a vê-lo só ao longe, quando o que eu queria era tê-lo debaixo do meu braço, o que eu queria era perder-me naquele abraço...

Hoje soube o que é ter o coração nas mãos. O coração em todo o lado, preso na garganta, a bater com força no peito, sempre tão presente. Hoje não esqueço nem um segundo, hoje quero saber tudo, quero estar no longe que ele está. Mesmo sabendo que está perto.

Hoje descobri o que é ser forte e deixá-lo ir, mesmo que o coração me doa, e incentivar com muita força. Hoje tenho a certeza do que é zelar pela felicidade alheia mais do que pela minha. Hoje posso chorar, mas sei que é por um bem maior e que vai correr tudo bem.

Porque temos o futuro todo à nossa frente.