domingo, 20 de fevereiro de 2011

Monstro

Que se lixem os moralismos, que se lixem vocês todos, que se lixem as coisinhas bonitas. Que se lixem os girassóis. Somos todos pessoas, é um facto, mas não somos farinha do mesmo saco. E deixem-me em paz a achar que eu sou como vocês, não sou porque sou um pântano e estou-me nas tintas. Não tenho sentimentos nem conteúdo, o que é que vos interessa? Vão andar todos a foder uns com os outros. Fizeram-no comigo, é indiferente. Tornaram-me um mostro, todos juntos, em procissão. Ou fui eu, que sou o denominador comum. Atirei-me ao abismo a pés juntos, com vontade, com convicção. Agora não saio lá de baixo, deixem lá, não se preocupem em puxar-me. Eu fico aqui que está quente. Mesmo que me puxem, os ossos partem-se, vão-se partindo, só o coração é que não, que é de pedra. Só tem mágoa mágoa mágoa e frustração. E ninguém vai conseguir lá entrar, nunca. Não tem porta e selou as janelas. É um facto, não vale a pena argumentar. Agora não esperem nada de mim, porque como vos digo, nada terão. Porque não sai nada. Nem bem esprimidinho. Não existe nada para ninguém.

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